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Documento sem título
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HP
viola sigilo de jornalistas. Falta de ética causa má
impressão
O
mundo corporativo, apesar do discurso, continua dando péssimo
exemplo. Desta vez foi a HP (Hewlett- Packard) quem avançou
o sinal, ao violar o sigilo telefônico de nove jornalistas
que cobriam a empresa.
Interessada
em descobrir se seus diretores estavam vazando informações
para a imprensa (na verdade, ela tinha certeza disso e queria
saber quais eram), contratou investigadores profissionais visando
obter o registro telefônico de ligações feitas
e recebidas por eles. Neste processo, não poupou os jornalistas,
violando as leis norte-americanas que impedem o acesso, sem autorização,
a informações privadas.
Pega
no flagra, a HP tentou desconversar, usando o argumento de sempre:
foi a empresa terceirzada(dos investigadores) quem cometeu o deslize,
sem o seu conhecimento, o que, ao que parece, não convenceu
nem os jornalistas, nem a Justiça e muito menos a sociedade.
A
HP está preocupada porque assuntos discutidos em reunião
de Conselho têm chegado à mídia e resolveu
partir para o ataque. A estratégia utilizada foi absolutamente
inadequada, ilegal e compromete a imagem da empresa. Talvez agora
ela se dê conta de que afrontar a ética causa má
impressão.
"Fale
conosco", um serviço que não anda bem das pernas
Pesquisa
realizada pelo Instituto QualiBest, no primeiro semestre deste
ano, comprovou o que a maioria dos internautas já vem percebendo
por experiência própria: o "Fale Conosco",
comum nos sites das organizações brasileiras, não
funciona na maioria dos casos.
Isso
significa que esta alternativa de interação entre
os cidadãos (em geral enquanto consumidores) e as organizações
continua sendo mal planejada e não cumpre os seus objetivos.
A
coluna Defesa do Consumidor do jornal O Globo resolveu conferir.
Analisou este serviço em 14 sites e chegou a mesma conclusão:
os internautas têm razão de reclamar. Embora existam
serviços adequados, o tempo de espera e a qualidade das
respostas deixam a desejar. Afinal de contas, no mundo da Internet,
aguardar um dia inteiro (a Fiat e o Bradesco demoraram dois dias
e a Unimed/Rio quatro dias para responder) para atender à
solicitação do internauta é sinal de incompetência.
O
erro mais comum na pesquisa do Jornal foi, no entanto, indicar
um outro canal para a obtenção das informações
desejadas, ou seja, o "fale conosco" da Web remete o
interessado para outro local, não completando a interação.
A Ford, o Bradesco e a Sul-América fizeram isso, ou seja,
o "fale conosco" delas não fala.
Os
serviços disponíveis na Web devem adaptar-se à
cultura online, ser competentes, ágeis, interativos. Se
não é para ser assim, seria melhor que as empresas
não preparadas para os novos tempos os desativassem. Mau
atendimento afeta a imagem. Ou não?
Os
jornalistas estão sob ameaça de extinção?
O
6º Congresso Brasileiro de Jornais, que terminou em setembro
em São Paulo, apontou para uma realidade insofismável:
os jornais, com o advento das novas tecnologias, já não
são o mesmo e os jornalistas que se cuidem: os blogs e
os chamados repórteres-cidadãos representam uma
ameaça efetiva.
Enquanto
os sindicatos continuam brigando pela consolidação
da profissão (que sentido terá o diploma neste novo
cenário?), alguns veículos andam se antecipando
e começam a utilizar os leitores no seu sistema de produção.
No evento, o jornal espanhol El Correo relatou a sua experiência,
com a criação de duas páginas feitas inteiramente
pelos leitores e houve relatos de outras experiências semelhantes
(na Coréia, há um jornal totalmente feito pelos
leitores), inclusive no Brasil. O Grupo Estado trouxe o seu projeto
FotoRepórter que abre espaço , nas suas publicações,
para imagens feitas por fotógrafos amadores. O FotoRepórter,
em apenas 10 meses de vida, já recebeu mais de 15000 fotos
de mais de 6.500 fotógrafos, dos quais 70 de outros países.
É
claro que os jornais não estão imaginando uma situação
radical: entregar o seu espaço às pessoas de fora,
mas já cogitam em interagir mais com os leitores, abrindo
espaço não apenas para as suas sugestões,
mas para as suas produções próprias.
Os
jornalistas não estão ameçados de extinção,
pelo menos por enquanto. Se, no entanto, a investida dos departamentos
comerciais sobre as redações continuar no ritmo
em que estão, certamente os jornalistas perderão
sua independência e seus privilégios. Urge resistir.
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