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Documento sem título
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Propaganda
de bebida na mídia: este pileque precisa ter fim
O
recente e fatídico acidente que tirou a vida de 5 jovens
no Rio de Janeiro trouxe à tona, mais uma vez, a dramática
relação entre álcool e morte no trânsito,
reforçando a tese, defendida por centenas de entidades
, de que está na hora de dar um basta à propaganda
de bebidas na mídia brasileira.
De
há muito, autoridades das áreas de segurança,
educação e saúde, com a participação
de comunicadores responsáveis estão solicitando
ao Governo e aos parlamentares que estabeleçam normas rígidas
para este tipo de veiculação, ao mesmo tempo nociva
e perigosa.
A
indústria de bebida tem, no entanto, buscado a todo custo
aumentar o seu lobby junto aos parlamentares e ao Governo, com
o objetivo de evitar que, a exemplo do que acontece com o cigarro,
a propaganda do álcool sofra as restrições
necessárias. O patrocínio da seleção
brasileira, de craques do esporte, tem tentado mascarar, mas como
se pode perceber inutilmente, os prejuízos causados pelo
álcool à saúde e os riscos a que tem exposto
milhões de jovens brasileiros.
As
agências de propaganda, juntamente com os veículos,
também têm se empenhado para evitar esta perda de
receita, ainda que à custa de mortes e mutilações
de toda ordem. Alegam desemprego, crise na mídia, atentado
à liberdade de expressão etc, como se os seus interesses
devessem se sobrepor ao interesse público. Falam em auto-regulamentação,
ao mesmo tempo em que praticam, abertamente, a chamada ética
do Zeca Pagodinho, repetindo, a todo momento, o espetáculo
recente e deplorável em que se envolveu a propaganda brasileira,
quando concorrentes não éticos entraram em confronto
pela TV, sem quaisquer escrúpulos, visando seduzir moços
e moças para as suas marcas. As empresas de bebidas alardeiam
os novos lançamentos (muitas vezes proclamando o aumento
do teor do álcool na cerveja), zombando, cinicamente, de
pais, educadores, jornalistas, advogados e profissionais de saúde.
As
estatísticas não mentem: o número de acidentes
têm crescido em função do consumo de bebida,
evidenciando uma verdade: a frase "aprecie com moderação",
que já virou motivo de piada nacional, não traz
qualquer efeito prático. Soluções cosméticas
para problemas graves não funcionam.
A
sociedade precisa estar mobilizada para a luta contra a propaganda
de bebida alcoólica na mídia brasileira. O mau exemplo
de utilização da mulher-objeto, personalizada em
celebridades, o incentivo ao consumo, a tentativa de "glamourizar"
um vício perigoso são práticas condenáveis
e que precisam ser coibidas.
O
Governo e o Congresso precisam ouvir os lamentos das famílias
orfãs e assumir a sua responsabilidade. A hipocrisia e
o cinismo da indústria de bebidas alcóolicas, o
oportunismo e a ganância de veículos e agências
de propaganda não podem mais ser tolerados. Cidadania e
responsabilidade já.
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