Volume 3
Número 4

20 de julho de 2006
 
 * Edição atual    
Documento sem título

          Propaganda de bebida na mídia: este pileque precisa ter fim

          O recente e fatídico acidente que tirou a vida de 5 jovens no Rio de Janeiro trouxe à tona, mais uma vez, a dramática relação entre álcool e morte no trânsito, reforçando a tese, defendida por centenas de entidades , de que está na hora de dar um basta à propaganda de bebidas na mídia brasileira.

          De há muito, autoridades das áreas de segurança, educação e saúde, com a participação de comunicadores responsáveis estão solicitando ao Governo e aos parlamentares que estabeleçam normas rígidas para este tipo de veiculação, ao mesmo tempo nociva e perigosa.

          A indústria de bebida tem, no entanto, buscado a todo custo aumentar o seu lobby junto aos parlamentares e ao Governo, com o objetivo de evitar que, a exemplo do que acontece com o cigarro, a propaganda do álcool sofra as restrições necessárias. O patrocínio da seleção brasileira, de craques do esporte, tem tentado mascarar, mas como se pode perceber inutilmente, os prejuízos causados pelo álcool à saúde e os riscos a que tem exposto milhões de jovens brasileiros.

          As agências de propaganda, juntamente com os veículos, também têm se empenhado para evitar esta perda de receita, ainda que à custa de mortes e mutilações de toda ordem. Alegam desemprego, crise na mídia, atentado à liberdade de expressão etc, como se os seus interesses devessem se sobrepor ao interesse público. Falam em auto-regulamentação, ao mesmo tempo em que praticam, abertamente, a chamada ética do Zeca Pagodinho, repetindo, a todo momento, o espetáculo recente e deplorável em que se envolveu a propaganda brasileira, quando concorrentes não éticos entraram em confronto pela TV, sem quaisquer escrúpulos, visando seduzir moços e moças para as suas marcas. As empresas de bebidas alardeiam os novos lançamentos (muitas vezes proclamando o aumento do teor do álcool na cerveja), zombando, cinicamente, de pais, educadores, jornalistas, advogados e profissionais de saúde.

          As estatísticas não mentem: o número de acidentes têm crescido em função do consumo de bebida, evidenciando uma verdade: a frase "aprecie com moderação", que já virou motivo de piada nacional, não traz qualquer efeito prático. Soluções cosméticas para problemas graves não funcionam.

          A sociedade precisa estar mobilizada para a luta contra a propaganda de bebida alcoólica na mídia brasileira. O mau exemplo de utilização da mulher-objeto, personalizada em celebridades, o incentivo ao consumo, a tentativa de "glamourizar" um vício perigoso são práticas condenáveis e que precisam ser coibidas.

          O Governo e o Congresso precisam ouvir os lamentos das famílias orfãs e assumir a sua responsabilidade. A hipocrisia e o cinismo da indústria de bebidas alcóolicas, o oportunismo e a ganância de veículos e agências de propaganda não podem mais ser tolerados. Cidadania e responsabilidade já.

 

 
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