Volume 2
Número 3

20 de dezembro de 2005
 
 * Edição atual    
Documento sem título

          A importância da pesquisa em Comunicação Empresarial

          Pouco a pouco, as organizações estão se dando conta de que não é possível mais planejar a comunicação, para que ela seja estratégica (vide a coluna publicada nesta edição) ou competente ( e que, portanto, funcione), sem recorrer a procedimentos metodológicos adequados.

          Não é razoável continuar se respaldando apenas na intuição dos executivos da área ou em dados precários, impressionistas, quando estão em jogo investimentos (que podem ser consideráveis) e a própria imagem ou a reputação das organizações.

          Infelizmente, estamos muito longe de atingir esse patamar desejado. A maioria das empresas brasileiras (e aqui estão incluídas as multinacionais que atuam no Brasil) continua alheia a esta realidade e ainda baseia sua comunicação na percepção, quase sempre equivocada, de seus executivos, movidos sobretudo por suas convicções ou preferências pessoais. Não se faz pesquisa porque não existe essa "cultura" nas organizações, o que significa dizer que não há profissionais em condições de realizá-la no staff de comunicação das empresas e, particularmente, porque não existe previsão no orçamento para esta rubrica (o que inviabiliza a contratação de empresas especializadas).

          Se não se faz pesquisa, certamente os erros se repetem com maior facilidade, mesmo porque é mesmo complicado acertar o alvo sem fazer a mira. Como vencer a batalha da mídia, cada vez mais acirrada, sem um bom trabalho de auditoria de imagem? Como se comunicar com os "stakeholders" se não conhecemos o seu perfil? Como elaborar um house-organ eficiente, se não se conhecem as demandas e as expectativas dos públicos internos?

          Muitas empresas conhecem seus funcionários apenas pela ficha preenchida no momento de sua contratação e, convenhamos, ela é insuficiente para dar conta dos hábitos de comunicação e dos fatores sócio-culturais que condicionam a apreensão de conteúdos e a motivação, por exemplo, para a leitura.

          Se as nossas organizações fizessem pesquisa seriamente, não cometeriam tantos equívocos em seu trabalho de comunicação.

          Muitos executivos chegam a temer as pesquisas, imaginando que elas possam revelar para a alta direção dados que lhes são desfavoráveis: o que diria o presidente da empresa se soubesse que o meu concorrente tem uma presença mais qualificada na mídia?

          Uma empresa moderna, que prega o discurso da comunicação estratégica, não pode ignorar a importância da pesquisa em comunicação. E pesquisa não se faz de qualquer jeito e pode custar, dependendo do caso, muito caro, mas é a única possibilidade de se planejar efetivamente a comunicação. Sem ela, continuaremos a dar "tiro no escuro" e a comprometer a eficácia do trabalho em comunicação.

          Um indicador importante para analisar a visão estratégica em comunicação das organizações seria o seu investimento em pesquisa (mas não aquela pesquisa caseira, sem confiabilidade, feita apenas para confirmar os resultados desejáveis!). Há quem prefira imaginar que a comunicação empresarial brasileira está se tornando estratégica apenas porque os profissionais de comunicação estão , gradativamente, ocupando altos cargos. Está na hora de discutir, profunda e criticamente, o conceito de estratégia difundido em nossa área, inclusive por algumas de nossas entidades. Do jeito que está, sem pesquisa, sem espírito crítico, a gente certamente não irá muito longe.

O Editor

 

 
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